quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Guerra colonial: «Cacimbados: A vida por um fio», recomendado por Luís Leote


Este Livro.
Guerra colonial: «Cacimbados: A vida por um fio»



Lisboa – Com uma prosa cativante, onde o humor e tragédia se cruzam espontaneamente, «Cacimbados» de Manuel Bastos, transporta-nos 35 anos atrás para a realidade brutal de luta e sobrevivência de milhares de portugueses coagidos a combater na Guerra Colonial....

Narrando alguns episódios de uma companhia de Artilharia posicionada em Mueda, Moçambique, Manuel Bastos reconstrói um tempo e um espaço carregados de acção.


Com uma expressividade minuciosa, Manuel Bastos vai ao encontro do pormenor para transforma-lo num mundo de significados, sentimentos e reflexões filosóficas sobre a condição humana dos combatentes. 
Conta-nos como «no chão, está um grupo silencioso de fantasmas preparando-se para passar a noite.»

No seu livro, Manuel Bastos, conta o soldado que nunca vacilara «nas picagens das minas, nos golpes de mão, nas emboscadas», cujo rosto nunca «acusa a menor perturbação de espírito», mas que encontra um dia para chorar «de pé apoiado na G3 como se fosse um cajado de pastor».

Manuel Correia Bastos natural de Aguim, conselho de Anadia, foi mobilizado em 1972 para Moçambique onde foi gravemente ferido em combate um ano depois. 

Na sua obra «Cacimbados: A vida por um fio» relata a sua experiência de guerra e os seus efeitos traumáticos.
Titulo: «Cacimbados: A vida por um fio»
Autor: Manuel Bastos
Editor: Babel Editores

Abraço e tenham um Feliz Natal. !!!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Eu canto p’r’a minha terra, Cancioneiro do Niassa

Eu canto p’r’a minha terra,
Já que não posso lá estar!
E canto p’ra distrair
Quem passa o tempo a chorar!
Canto também, até
mesmo sem rima;
Eu canto porque já estou
apanhado pelo clima!

(Coro) LÁ LÁ LÁ LÁ...

No Lunho, Todos nós temos
Uma missão a cumprir:
“LERPAR” de tacho e correio
E de resto, toca a rir...
Passo, também aqui,
Tempos felizes,
Vendo corridas aéreas
De patos e de perdizes.

(Coro) LÁ LÁ LÁ LÁ...

Temos também, como capa,
Oficiais e sargentos,
Que em vez de pé, dizem pata
E são todos rabujentos.
O capitão, porém,
É nosso amigo;
A quem souber cumprir bem,
Dá reforços de castigo.

(Coro) LÁ LÁ LÁ LÁ...


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Frente à morte na luta pela vida, Cancioneiro do Niassa

Venham velhos doutores e os que contam histórias
Venham ver os que lutam sem querer buscar glórias
Anda ver meu irmão os que tombam no chão
Frente à morte na luta pela vida

Venham ver os que vivem e apostam na sorte
Venham ver os que dormem nos braços da morte
Venham ver como é que se luta com fé
Frente à morte na luta pela vida

Se há um jovem que tomba outro se levanta
Se há um jovem que chora há outro que canta
Anda ver meu amigo os que riem do perigo
Frente à morte na luta pela vida

Sabem todos que a vida é caminho duro
E que a força das armas defende um futuro
Que se guarde a imagem da imensa coragem
Frente à morte na luta pela vida

Venham velhos doutores e os que contam histórias
Que se guarde pr’a sempre nas vossas memórias
Que assim tomba no chão a minha geração
Frente à morte na luta pela vida

Frente à morte na luta pela vida

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

EU VI NA TVI, EU HOJE CUSPO FOGO..., por Manuel Lopes

  • «EU VI NA TVI, EU HOJE CUSPO FOGO»
    Todos nós vimos a triste realidade na TVI, o que nós não queríamos, pois dói muito.

    Amigos irmãos camaradas COMBATENTES. Ainda... á muito coisa para mostrar e contar, muitas maldades e traições que a todo o momento nos fazem sofrer e corroer o nosso corpo e o nosso ser, a nós «COMBATENTES E NOSSOS FAMILIARES» vou contar um triste acontecimento que se passou comigo talvez á dez anos, para mim foi um crime, um ataque, um bombardeamento, talvez igual aos que sofremos na guerra do ultramar, este foi feito por alguém a quem eu apelido de «terrorista, porco, assassino».
    Eu fiz-me sócio da associação APOIAR Portuguesa dos Veteranos de Guerra em 2001, onde eu me sentia muito bem apoiado, quando eu precisava de qualquer informação telefonava, eram pessoas impecáveis, incansáveis, os nossos amigos da APOIAR quiseram saber tudo a respeito á minha saúde, como eu me sentia da parte sistema nervoso, como estava a ser medicado e se andava a ser vigiado, o que os informei, pediram-me cópias e dados a respeito a medicação, consultas e internamentos, de tudo, eu enviei tudo pelo correio e, telefonei no momento, os nossos amigos da APOIAR, ao receberem telefonaram-me com urgência, informando que iam enviar tudo de volta e, que já tinham entrado em contacto com uma unidade hospitalar na minha Cidade de Leiria, não vou mencionar o nome pois, as pessoas competentes não merecem ser enxovalhadas pela atitude do tal terrorista, onde eu ia ser consultado e passava a ser vigiado, para eu estar atento pois, ia receber uma carta com urgência a avisar-me para me apresentar.
    Passada uma semana recebi a carta com a data e a hora e local para me apresentar na consulta, para levar toda a documentação que tinha enviado e recebido da APOIAR.
    Na data certa apresentei-me, convencido que ia ser medicado com a medicação certa para resolver o meu problema que me atormentava o sistema nervoso, as noites sem dormir, os sonhos das matas dos DEMBOS, tudo isso.
    Foi chocante, doloroso, triste, revoltante, foi como se tivesse levado uma rajada no meu peito, ainda hoje «cuspo fogo», mas, foi verdade, fui atendido por um médico que tinha idade de ser meu filho, que, me pediu-me o envelope com toda a documentação, os tais que eu tinha enviado para a APOIAR e eles me tinham devolvido com folhas muito importantes assinadas por eles, o senhor que dizia ser médico, ao ler e ver que eu tinha andado na GUERRA do ULTRAMAR, agarrou na minha papelada, olhando para mim a sorrir, rasgou e colocou no cesto do lixo, eu, ao ver tudo aquilo perguntei o que estava a fazer, respondeu, «QUE EU FAZIA PARTE DOS TAIS QUE SE CONSIDERAVAM HERÓIS, QUE QUERÍAMOS VIVER SEM TRABALHAR, VIVER À CUSTA DELE E DE OUTROS QUE TRABALHAVAM DE NOITE E DE DIA, QUE O NOSSO PROBLEMA ERA FALTA DE NOS OBRIGAREM A TRABALHAR E, SERMOS CONTROLADOS A TOQUE DE CHICOTE», que ele, também tinha andado na guerra nas três províncias e, tinha que trabalhar, eu ao ver e ouvir tal crime, como uma mola, levantei-me da cadeira, caminhei para ele, fixei o meu olhar no dele, penso que os meus olhos deviam estar maiores que as lentes dos meus óculos e a quererem saltar, só exclamei que era injusto o que eu estava a ver e a ouvir, dei mais um passo em frente, o tal senhor médico, recuou, agarrou no cesto dos papeis, saio porta fora correndo pelo corredor fora olhando para trás, talvez com medo de acontecer o que ele merecia, nem os papeis rasgados me deixou, para eu poder ir á secretaria, ou falar com o diretor da unidade para contar o que se tinha passado, fiquei de pés e mãos atadas, fiquei muito nervoso, muito revoltado e desiludido, saí porta fora, não vi o tal senhor, nem valia a pena abrir a boca pois, não tinha dados para poder mostrar e justificar o que me tinha acontecido, só me restou voltar para casa com a triste história para contar, não comuniquei a APOIAR a quem peço imensa desculpa por ter deixado de ser sócio, pois, fiquei muito revoltado e desiludido com tal atitude desse tal «turra».
    «MANUEL KAMBUTA DOS DEMBOS»