quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O Soldado Português, por José Monteiro

 
Hoje mais uma pequena história sobre os ex-combatentes.

Tínhamos vinte "aninhos" e todas as esperanças dessa idade.
Arrancaram-nos ao seio da nossa família e amigos.
Ficámos com a vida interrompida, quando fomos chamados para o serviço militar, pois disseram-nos que a Pátria estava a ser atacada....

Lá fomos para as unidades militares, com três meses de recruta e outros três de especialidade.
Grande parte foi para a especialidade de atirador, pois era disso que necessitavam para a defesa do Ultramar.
Na instrução física estávamos muito bem preparados, no entanto o grande problema foi na preparação prática e na especialidade de contraguerrilha, essa sim falhou.
                     
Chegados a África tudo era novo para nós, o clima, o terreno, as gentes e aquele tipo de guerra que iríamos enfrentar.
O Português sempre se caracterizou por se adaptar muito bem ás circunstâncias adversas e essas encontramos muitas em Moçambique.
                     
A primeira vez debaixo de fogo foi terrível, os ramos das árvores cortados pelas balas a cair por cima de nós e o coração aceleradíssimo como a querer sair do peito.
Nestas situações presenciei muita valentia e entreajuda.
 
Perante um camarada morto os nossos semblantes ficavam carregados, mas a união ainda era mais forte, solidaria.
                    
Havia adversidades naturais, tais como o calor, as mordidelas das formigas, o terrível feijão macaco, a sede e o acidentado do terreno.
Tudo foi vencido com estoicidade e querer inquebrantável.
                     
As tropas normais (retirando os comandos, páras e fusos) eram, na generalidade, pouco disciplinadas e os graduados tinham que andar sempre em cima, para chamar à atenção para este ou aquele facto, no entanto eram de um estoicismo, abnegação e capacidade de sofrimento a todos os títulos notável.
                     
Muitas vezes observei entreajuda entre camaradas, incentivos a outros que por qualquer razão ou por cansaço, bem precisavam dela.
                     
O nosso equipamento individual era bastante pobre, não tínhamos onde colocar as granadas, elas eram colocadas no cinturão onde frequentemente caiam.
O bornal era colocado à volta do pescoço, tal como os cantis de água, o que em caminhada se tornava bastante incomodativo.
 
Passados todos estes anos, perante tamanha adversidade, é minha convicção que fomos dos melhores soldados do mundo.
 
Linda-a-Velha, Fevereiro de 2013

 
 
Rodrigo Crispiniano Saraiva Mendonça Um texto bem redigido com o qual estou totalmente de acordo e me revejo am algumas situações. Parabéns.
 
 
João Augusto Ferreira RECORDAR É VIVER E QUANTO MAIS O TEMPO PASSA MAIS RECORDAÇÕES NOS VEM Á LEMBRANÇA UM ABRAÇO Jose Monteiro
 
 
Armando Mouro Em primeiro lugar gostei do texto do Jose Monteiro no qual me revejo.
Bem ou Mal fomos chamados para defender a Pátria com sangue suor e lágrimas e cumprimos, agora somos os maus da fita dos nossos governantes.
A Pátria não tem culpa.
 
 
José Caseiro José Monteiro tens toda a razão do mundo não fomos somos os melhores soldados do mundo.
 
 
José Artur Faria Um texto que mostra o que todos nós sentimos.
 
 
Januario Batista Jorge O texto está na linha que nós já vimos do Jose Monteiro.
Se Jose Monteiro não é um pseudônimo de Lobo Antunes ele que se cuide quando tu começares a publicar. 
Parabens !
 
 
Agostinho Sousa Eu como Muitos Mais Passamos por muitas Situações Dessas Foi tempo de Obrigação que hoje Não É Reconhecido por quem devia Ser...
 
Januario Batista Jorge Com isto esqueci de dizer que estive muitas , muitas vezes ,como estes "meninos"... talvez juntos de mais para o meu gosto... mas como era para a fotografia.

 
Fernando Neves Parabéns pela descrição sempre acutilante da Bravura dos Nossos Homens.
 
Armando Guterres Só não gostei de generalizações.

 
Manuel Sousa Bom texto grandes verdades.
O Português embora não pareça, é astuto, inteligente, desembaraçado, valente e tem grande espírito de sacrifício.
Portanto dão bons soldados.
Mas também há aquela escória que não serve para nada.
Esses dão bons políticos.

 
Jose Cardoso .... ah caramba! 
Esses oportunistas da minha PATRIA, minha Nação, meu País: Inferno com essa parasitagem!!!
 
Antonio Saramago A minha resposta é a de estar totalmente de acordo com o que escreves-te, porque eu andei no DURO a 100% e fico fulo quando presencio conversas de quem por lá também andou mas que nunca souberam o que Norte de Moçambique.

 
Duilio Caleca Eu diria mais, fizemos verdadeiros milagres.
Hoje seria de todo impensável todo o sacrifício e amor à Pátria.

 
M. Artur Mendes A nossa geração foi preparada e mentalizada para defender a Pátria.
Hoje, parece-me que esses valores se perderam.
 
José Alves Alves Continua com os teus relatos, pois enriquecem-nos sempre.
É a nossa história.
Boa ou má, é nossa !
 
 
Manuel O Alves SR. JOSE a minha solidariedade por todas as suas palavras que são efetivamente a verdade.
 
Jose Monteiro Manuel O Alves, todos aqui no Picadas nos tratamos por tu.
Obrigado.
 
Duilio Caleca Sr. José ????
Boa, gente fina de Mueda.
 
Jose Monteiro Duilio Caleca , não podes ver nada!!!!!!!!!!!!!!!
 

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