Mais uma pequena história vivida em Mueda, nos anos de 1967/68.
Prenda-me esse homem
Havia uma camarada da minha companhia que, por consenso, foi decidido que nunca iria em operações para o mato, pois as suas condições psicológicas não o permitiam.
Como tal foi para a machamba do capitão e então ai encontrou o seu trabalho diário.
Certo dia, quando estava de sargento de dia, apareceu de visita o brigadeiro Remígio, responsável pelo sector, sediado em Nampula.
Formei a guarda, junto á porta de armas, e saudei militarmente o brigadeiro tendo este iniciado a tradicional inspeção à guarda, quando passa por nós o homem da machamba.
Ia completamente á vontade, calçando os seus chinelos de enfiar no dedo, sem quico e com a enxada ao ombro, tal como se estivesse na sua querida aldeia.
Aquela situação era completamente impossível passar despercebida ao brigadeiro, tendo este, já com a vós alterada, dito - PRENDA-ME ESSE HOMEM -. Ainda tentei explicar a situação, mas nada havia a fazer, pois era grande a distancia hierárquica para que me fizesse ouvir.
Prendi o meu camarada e quando o brigadeiro entrou no comando comuniquei o sucedido ao capitão da minha companhia que o mandou retirar da prisão logo após o brigadeiro sair de Mueda, para a guerra do ar condicionado.
Linda-a-Velha, Dezembro de 2012
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