sábado, 13 de dezembro de 2014

Águas de Nangololo em 13/7/1970, por Joaquim Hilario G. Lima

 
 
Sobre o episódio ocorrido nas águas de Nangololo, em 13 de Junho de 1970, é descrito nas páginas 85/87 do livro "Memórias de uma guerra" (todo em verso e documentado com muitas fotos), da autoria do amigo Joaquim Hilario G. Lima, que pertenceu ao BART2901 (CCS, CART2646, 2647 e 2648), aí estacionado desde 28 de Fevereiro de 1970 até 13 de Março de 1971.

(Passo a citar)

O DIA MAIS FATÍDICO
Enquanto em Lisboa festejavam
As marchas dos Santos populares.
Lá longe, nossos olhos choravam
Os mortos e feridos militares.

Treze de Junho sete da manhã,
Não se previa sermos alvejados.
Pequeno almoço de amargo maná,
Fermento que gerou desventurados.

E nessa noite, o "IN" engendrou,
No reabastecimento de água.
A picada de engenhos minou
E nos emboscou à morteirada.

Diariamente os soldados iam,
Água preciosa ao charco buscar.
Picada minada e todos morriam,
Corpos desfeitos voavam no ar.

Como descrever aquela tragédia?
Oito mortos desfeitos nesse dia ...
Feroz inimigo não nos deu trégua,
E aconteceu o que não se previa.

Vê-se na imagem destes soldados,
Toda a tristeza da dor que sentiam.
Apanharam amigos aos bocados,
E empilhados a seus pés os viam.

Restos mortais assim transportados,
Momentos antes ainda eram vidas.
Agora à nossa frente retalhados,
Foram horas de dor muito sentidas.

Todos os corpos identificados,
Em lençóis brancos, sinal de pureza.
Neles embrulhados e sepultados,
Entregues à terra mãe natureza.

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