E a família combatente não é excepção.
No tempo de serem filhos, milhares de jovens foram retirados dos seus lares e afastados da família que conheciam, para durante 33 meses prestarem serviço em defesa da Nação.
Na sua grande maioria eram provenientes de famílias humildes que lutavam diariamente para sobreviver e matar a fome aos numerosos filhos.
Muitos voltaram do Ultramar transformados, mutilados e doentes, não tendo conseguido adaptar-se, nem aos entes queridos, nem tão pouco à sociedade.
Outros, que partiram casados e já com filhos ou à espera do seu nascimento, tiveram sérias dificuldades em criar laços de afeto aquando do regresso.
Tinham passado anos, os filhos cresceram, os hábitos eram diferentes, a comida não tinha o mesmo sabor, os únicos estrondos eram de festa e não haviam inimigos.
Contudo não era fácil baixar a guarda, esquecer a linguagem de violência e reaprender a expressar os sentimentos.
Já nada era igual, sobretudo eles próprios.
Muitos houveram ainda, que não mais voltaram a sentir o calor de quem tanto lhes queria.
Durante a guerra, envoltos num espirito forte de entreajuda, colocados frequentemente em situações de vida ou morte, eram entre si os escudos uns dos outros e assim foram criando uma nova família: a dos camaradas.
Muitos houveram ainda, que não mais voltaram a sentir o calor de quem tanto lhes queria.
Durante a guerra, envoltos num espirito forte de entreajuda, colocados frequentemente em situações de vida ou morte, eram entre si os escudos uns dos outros e assim foram criando uma nova família: a dos camaradas.
É esta que muitos combatentes mantêm até hoje, em quem conseguem realmente confiar e cuja forte ligação pretendem manter para sempre.
Por fim, há ainda, nas situações em que conseguiram resistir, a família nuclear. Aquela família que todos os dias está ao lado do combatente.
Por fim, há ainda, nas situações em que conseguiram resistir, a família nuclear. Aquela família que todos os dias está ao lado do combatente.
São as mulheres, os filhos e os netos que muitas vezes não entendem o seu comportamento e atitudes.
Que tentam descortinar os silêncios prolongados nos cantos dos sofás, a falta de vontade, a passividade dos dias, as respostas impulsivas e sem razão aparente.
O Olhar vago e distante.
É esta família que na consoada vai estar sentada à mesa, juntamente com a lembrança de todas as outras famílias aqui relatadas.
O meu voto muito sincero, tal como de toda a equipa do Centro de Apoio Médico, Psicológico e Social da Beira Interior, é de que a noite de Natal que se aproxima seja uma noite de "cessar-fogo", em que todos os combatentes e suas famílias possam encontrar um verdadeiro e merecido momento de paz.
Martina Lopes
Psicóloga Clínica e da Saúde
Coordenadora do Centro de Apoio Médico, Psicológico e Social da Beira Interior
campsbeirainterior@gmail.com
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