sexta-feira, 25 de março de 2016

O Apontador de Morteiro, por José Monteiro



Mais uma pequeno história vivida , no período militar, em Cabo Delgado.
APONTADOR DE MORTEIRO

Mais uma saída para uma operação no Vale de Miteda, com segurança dada pelo esquadrão de cavalaria, ao longo das picadas....
                    

As armas que levávamos, além das G3, eram a basuka e o morteiro de 60, e deste apenas o cano, portanto sem o estribo e a mira.
As granadas de morteiro eram levadas numa sacola igual ás que transportávamos as refeições e por regra estavam sempre junto ao apontador.
Só que, não me recordo porquê, o apontador não foi nessa operação.

Abandonámos o esquadrão e lá fomos nós pelo mato dentro para o nosso objetivo, que desta vez não era assalto a base mas sim de marcar presença e possível contacto com o inimigo.

Á noite, fizemos o respetivo circulo de segurança para a pernoita.
O silêncio da noite ouvia-se, perfeitamente, choros de bebes o que pronunciava a presença de população bem perto.
Todos nós estávamos atentos, por mim, como sempre dormi mal, passei quase toda a noite em vigilância aos turnos.
                    

De manhã, sempre presente os barulhos da véspera, tivemos que sair da zona de proteção da floresta e entrámos num campo mais aberto e muito mais plano.
Com as cautelas devidas, lá fomos andando quando de repente sofremos uma flagelação, vinda de longe.
Paramos imediatamente e como perto de mim estava o camarada que transportava o morteiro, imediatamente lhe disse "segura no tubo que os tipos calam-se", e dito isto coloco a primeira granada, coloco a segunda e faço um tempo de espera para ouvir onde elas rebentavam e assim poder corrigir o próximo tiro.
Esperei... esperei e nada, entretanto eles pararam com o fogacho e eu cheguei á conclusão que não tinha tirado as cavilhas de segurança ás granadas.
Já não me lembro a quem competia retirar a cavilha, se ao municiador se ao apontador.

Ao certo sei que as pressas e a falta de experiência, muitas vezes dão nisto.
Provavelmente, mais tarde, apareceram montadas em algum fornilho, nas nossas picadas.


Linda - a - Velha, Agosto de 2011
 
Foto de Jose Monteiro.



 
 
 
Bernardino Martins Pois foi o resultado delas para eles não serviam para nada.
 
 
Joaquim Jota Mateus Este é daqueles segredos que não se podem divulgar!!!!
Só contar as vitórias, as derrotas conta o outro!!!
 
Bernardino Martins Mas esta de não tirar as cavilhas, eram como os comprimidos "melhoral", não teve consequências, um dos graves problemas era o esquecimento da munição de salva para no caso do dilagrama, esse sim tivemos consequências graves.
 
 
Duilio Caleca Fomos todos "checas" e com muita falta de preparação.
Felizmente que somos um povo do "desenrrasca".

 
 
António Lopes Este era 80, vcs.
Levavam este peso pesado?
 
Mário Silva Tirando as tropas especiais, ninguém levava qualquer instrução e conhecimento sobre o palco de guerra que iríamos apanhar, eu por mim vi que quando cheguei, limitei-me a ouvir os mais velhinhos e mais nada, de resto é o habitual, desenrascas-te.
 

quinta-feira, 17 de março de 2016

A EMBOSCADA, por Joaquim Santos

Joaquim Santos
DIA 23 DE FEVEREIRO DE 1969 (há 47 anos)
.
Passaram muitos anos, mas a recordação daquele dia 23 de Fevereiro de 1969, esteve sempre presente, embora algo difusa em alguns pormenores, que o tempo levou consigo como recordação.
 
Este foi um tempo estacionário, sem horizontes, vivido dia após dia, pela incerteza e a ansiedade resultante da imprevisibilidade das diversas situações em ações de guerrilha no interior da África.
 
Num aquartelamento improvisado, onde tudo era rudimentar, onde quase tudo faltava e onde tudo teria de ser feito, melhorando sucessivamente as instalações, tendo em vista a segurança daquele reduto, para uma estadia que poderia ser prolongada e onde para além de tudo, teria de se manter uma atividade operacional regular.
 
Recordo-me da primeira vez que vi aquele local.
Olhei as viaturas carregadas de militares, “novinhos em folha” acabados de chegar da Metrópole, deslumbrados por se sentirem envolvidos pela natureza africana.
Os nossos rostos deixavam transparecer um misto de medo e receio do desconhecido.
Concentrados na observação do meio envolvente, alimentando o nosso imaginário, onde tudo seria possível, desde os ataques do inimigo até às investidas das feras camufladas no meio da vegetação, ao longo da picada que nos conduziria aquele local, o Vuende.
A coluna militar aproximava-se lentamente e foi então que vislumbrei, no meio da confusão das viaturas e do pó que nos envolvia, aquela clareira rodeada de vegetação com três construções rudimentares em tijolo de cimento, chapas de zinco e duas outras de construção artesanal, dentro de um perímetro demarcado por uma vedação, com três arames farpados de fácil acesso a qualquer intruso…
Naquele momento tive uma sensação de apatia total, apeteceu-me retroceder, mas nesse desalento, algo renasceu em mim que me impeliu a enfrentar e ultrapassar esta “prova de fogo” como um desafio às minhas capacidades físicas e intelectuais.
 
Desde o momento da mobilização, sempre julguei estar preparado psicológica e operacionalmente para as mais diversas situações, não só pela formação e preparação recebida, como também pelo empenhamento que assumi ser fundamental para enfrentar as dificuldades num meio hostil e desconhecido.
Muito antes de ser chamado a cumprir o serviço militar, tive consciência que iria viver esta guerra por dentro e não através dos jornais e das diversas publicações dos correspondentes das Agências Internacionais nos diversos teatros de guerra, na época - Vietnam (Dien Bien Phu) com os Franceses primeiro e depois com os U.S.A., a Argélia e no ex-Congo Belga.
 
Foi assim, com esta “bagagem” que entrei na recruta na E.P. de Cavalaria em Santarém, tendo escolhido a especialidade de atirador e no C.I.S.M. em Tavira, a opção da mobilização para Moçambique.
 
Com o decorrer do tempo, aquele local - Vuende - passou a ser o centro do mundo, o lugar e a casa de todos aqueles que durante 21 meses, aguentaram a incerteza do dia seguinte, a impossibilidade de pensar o futuro...
Transformaram as tristezas em alegrias no meio da amizade e camaradagem.
Ali se festejavam Aniversários e Natais de todas as Famílias.
 
Quando se saía durante alguns dias, para as mais diversas atividades operacionais, era sempre bom regressar aquele local.
 
Nesse domingo de Fevereiro, também acabamos por regressar de acordo com o previsto.
Depois de três dias de patrulhamento no “mato”, na zona do Cauére, onde a atividade inimiga se fazia sentir em algumas ações ofensivas naquela região, através de flagelações, emboscadas e com alguma frequência na colocação de minas anti-carro, cujo efeito desmoralizador e devastador provocava feridos e mortos nas nossos fileiras.
 
Nos dois dias anteriores, a progressão pelo mato ao longo dos trilhos, decorreu normalmente, apesar do cansaço que se fazia sentir, não só pelas distâncias já percorridas através de serras e vales, com armas e equipamento, como também pelo clima quente e muito húmido, com um aroma acre e doce que exalava da vegetação.
 
Vigilantes, caminhavam carregando cada um dentro si, alimentando o seu pensamento, com ausências, sempre presentes, de pais e irmãos, mulheres e filhos, amigos e namoradas.
Outros trocavam as suas histórias, outros haviam que falavam de futebol e também do tempo que teimava em não passar.
 
Detivemos duas mulheres e uma criança, no segundo dia, que se deslocavam em sentido oposto e conforme se veio a verificar, tinham ido levar alimentação ao inimigo, estacionado algures numa base itinerante.
 
Após uma ligeira revista superficial pelos seus haveres, encontramos duas pequenas folhas escritas.
Eram portadoras de uma mensagem dirigida a outros elementos do inimigo que operavam na mesma zona de intervenção.
Nesse mesmo dia, tivemos um encontro fugaz com dois indivíduos, que ao avistarem-nos se puseram em fuga, no meio duma extensão de capim muito alto, o que indiciava pertencerem ao inimigo.
De imediato, se fez uma perseguição na tentativa de capturá-los, mas o terreno e a vegetação dificultaram a nossa ação, tendo sido feitos alguns disparos infrutíferos.
 
Toda a zona onde atuávamos, tinha sido alvo ao longo de vários meses, de diversas operações que incluíam forças terrestres, aéreas e hélio transportadas.
Talvez por isso, as forças inimigas estivessem, no momento, mais reativas?
 
No final da tarde, início da noite, escolhemos um local para pernoitar, comer a nossa ração de combate e montar a segurança que iria ficar vigilante durante a noite.
 
Recordo ainda aquelas noites de isolamento total, com uma orquestra de ruídos e sonorizações de intensidades diferentes, que nos obrigavam a dormir com um olho aberto e arma encostada ao corpo.
 
Não era fácil adormecer… e muitas vezes ficava a usufruir da escuridão da noite, com os olhos fechados durante algum tempo e ao abri-los ficar com uma sensação de vertigem, daquele céu cravado de estrelas, que se tornava ainda mais luminoso e parecia desabar sobre todos nós!
 
Na manhã do terceiro dia, levantámo-nos antes de romper o Sol.
Ingerimos alguns alimentos e entretanto, foram feitas algumas recomendações aos Soldados para que fossem atentos e se possível em silêncio, mantendo as distâncias; tendo sido alertados para um possível contacto com elementos da guerrilha, dadas as situações anteriormente verificadas.
 
Iniciámos o regresso em sentido contrário, para um local, algures na picada, aonde as nossas viaturas esperavam e nos trariam de regresso ao aquartelamento.
Sentia-se ao caminhar a humidade das ervas e do capim que persistentemente roçavam pelas nossas pernas, encharcando calças e botas, e que rapidamente secavam aos primeiros raios de Sol que começavam a despontar entre a vegetação.
 
O andamento cadenciado, o peso da arma macerando os ombros, o cansaço, a transpiração a despontar nos nossos corpos à medida que avançava o tempo a caminho da emboscada, desde sempre prevista mas nunca desejada… .
Ao fim de duas horas - 08h:50 - quando já próximos duma elevação relativamente baixa, aproximadamente com três metros e meio de altura no ponto mais elevado - pelo meio da qual seguia o trilho - com três metros de largura, que naquele ponto rasgava transversalmente a própria elevação. Obviamente, aquele corte de terreno terá sido feito para passagem de viaturas há muitos anos!... . Depois dos primeiros Soldados terem já atravessado, irrompeu um intenso tiroteio de armas automáticas, metralhadoras e rapidamente todos se deitaram pelo chão, ripostando de imediato e tentando abrigar-se onde fosse possível… só que o terreno não o permitia.
Mais de um terço do grupo ficou entalado entre “muros”.
Os restantes ficaram nos extremos, com mais possibilidades de fazerem o envolvimento e com melhor posição de fogo.
Durante alguns minutos, todos os nossos sentidos foram solicitados para que fosse possível aliar o raciocínio ao instinto de sobrevivência, debaixo de fogo.
Ouvia-se, juntamente com o estampido dos disparos, alguém que estava ferido e se queixava de dores, outros que tentavam dar algumas indicações e ainda uma série de variados problemas, com que cada um se teve de defrontar no limite das suas capacidades.
 
Ao fim de três ou talvez quatro longos minutos, tudo terminou após um disparo de bazuca que conseguimos efetuar e que levou o inimigo a retirar…
De imediato se fez avaliação da situação relativamente aos três feridos e às munições disponíveis.
 
Depois de montada a segurança no local, foram efetuados os primeiros socorros, apresentando um Soldado um ferimento de alguma gravidade.
Nesta situação, tentou-se a comunicação via rádio para evacuação, mas como acontecia com alguma frequência e tínhamos a perceção disso mesmo, por experiências anteriores, estávamos isolados!..
 
Ou por incapacidade do equipamento ou simplesmente por ninguém escutar, devido ao facto de não estar dentro da hora da exploração rádio!
 
Reiniciámos o regresso até ao local de encontro com as nossas viaturas, mais cedo que o previsto, com dois feridos amparados e outro em estado mais grave, em maca improvisada.
A deslocação, ao longo destes últimos quilómetros, foi feita sob uma tensão psicológica que se refletia nos rostos apreensivos, na precaução e no silêncio…
Não havia um sorriso, uma palavra, apenas o som das passadas e das botas esmagando as folhas, ao longo do caminho. .
 
Dado o estado dos feridos e sem possibilidades de comunicação, os três Furriéis que comandavam o pelotão, resolveram de comum acordo, que um deles teria de ir com um Soldado ao aquartelamento, distante alguns quilómetros e trazer as viaturas para recolher os feridos e os restantes elementos do grupo.
 
Após a evacuação para o Hospital Militar de Tete (norte de Moçambique), assim como a apresentação do relatório ao Capitão Comandante da Companhia, descrevendo os factos ocorridos durante esses três dias o Brigadeiro Comandante do Sector de Téte, mandou que o Furriel que comandava o pelotão, se apresentasse no Comando de Operações do nosso Batalhão, (Bat.Caç.2842).
 
O Brigadeiro também aí se deslocou e questionou-o sobre a ação, propriamente dita, na presença do Comandante de Batalhão e do Comandante de Operações, frente á grande carta militar que cobria toda a parede - o Furriel explicou todas as situações ocorridas, indicando na carta a posição das ocorrências, ao mesmo tempo que respondia ás questões colocadas pelos seus superiores.
Após as explicações, ficou surpreendido e perplexo?!
Ocorreram diversos casos semelhantes ao longo de dois anos e nunca teve conhecimento de qualquer reunião com o Comando...
Então o porquê desta reunião excecional?
Terá sido por o Alferes, Comandante do pelotão, não estar presente na ação?
Ou teria pensado o nosso Brigadeiro, depois das grandes operações efetuadas conjuntamente com as forças Rodesianas, que disponibilizavam os seus meios aéreos (helicópteros e tripulação) que o seu sector estaria “limpo” naquele distrito?
 
Uma noite, aproximadamente pelas 17h:30, começamos a ouvir um ruído ensurdecedor sobre o nosso aquartelamento e então, vimos surgir por cima da copa das árvores, os holofotes de 4 helicópteros sobre as nossas cabeças, aterrando dentro do nosso perímetro.
Para surpresa nossa, ficamos a saber que no dia seguinte, tínhamos pela frente uma operação que se prolongaria por alguns dias, durante os quais seríamos lançados diretamente nos locais de ação!
 
Outras operações se repetiram, mas esta provocou uma inesperada situação de terror, nas populações das aldeias em redor, devido ao barulho intenso na escuridão da noite e à forte iluminação que cegava por completo a visão dos aparelhos.
 
As populações - homens, mulheres e crianças - pegaram nos seus parcos haveres, abandonaram as aldeias aterrorizados e vieram refugiar-se junto do aquartelamento, sem terem a noção do que presenciavam!
Espantados por verem os aparelhos parados no ar, ficaram a observá-los incrédulos, durante essa noite e nos restantes dias!... .
 
Este relato, descreve apenas uma ação de combate, num dado momento, de um determinado dia, num determinado mês, num determinado ano!
 
Muitas outras aconteceram, a tantos outros como nós, que ao longo dos anos, ali foram cumprir em nome de Portugal a sua missão e por lá deixaram as suas vidas.
 
Narrado por: Guilherme Fernandes . .

quinta-feira, 10 de março de 2016

A "costureirinha", por José Monteiro


 
Mais um pequeno texto sobre a nossa vivência em Cabo Delgado.
 
Dos vários sons que ainda hoje, passados muitos anos, perduram na minha memória, este provocado pela "costureirinha" é dos que ainda estão gravados.

Sempre que me lembro de ti, só vejo vegetação densa e muito verde, picadas de terra batida e areia, e muitos camaradas deitados.
 
Alguns não chegaram a levantar-se por tua culpa.
 
Aquele som metálico e o teu "falar", bastante rápido e... cadenciado, fizeram sempre parte de mim, enquanto estive em Mueda.
 
Raramente foste referenciada pelo teu nome técnico, mas sim pela tua alcunha, que era conhecida de todos nós.
 
Muitas das vezes era por ti que a emboscada se iniciava, e nesse breves momentos todos nós íamos rapidamente para o chão, não por respeito por ti, mas por medo das consequências.

Apenas uma única vez peguei em ti, numa operação no Vale de Miteda, em conjunto com um pelotão de outra companhia do meu batalhão.
 
O guerrilheiro da Frelimo vinha a fazer proteção a alguns "machambeiros" e encontrou-se connosco num trilho, já bastante perto de uma base.

Tu foste para o nosso aquartelamento, o guerrilheiro lá ficou.

Linda-a-Velha, Novembro de 2013

 

 
 
Pedro Ranito PPSH chamávamos-lhe "pepeschauer" para além de costureirinha claro.
 

 
Jose Carlos Dantas Também tive uma, mas não dava muito jeito para andar a bordo.
Aqui na final da pista de Mueda do lado do vale ....


 
Armando Guterres De 14 de Fev 72 que a ouvi pela primeira vez e em Março que a ouvi em dois dias seguidos, dormida na picada, sai do mato em Março de 74 e nunca mais a ouvi.
 

 
Duilio Caleca Esse som nunca mais nos saiu dos ouvidos.
 

 
Eduardo Graca Edy Ouvi muita musica dessa costureira e não tenho saudades....
 

 
 
António Manuel Rodrigues Tek,tek,tek.
 

 
José Alves Alves Mais uma vez o nosso amigo José Monteiro faz uma excelente descrição sobre aquela temivel arma, denominada por " costureirinha". 
Continua, pois os nossos filhos e netos necessitam de saber tudo quanto nos martirizou,
 

 
Augusto Mota Por sinal ouvi o som delas algumas vezes, numa delas fatal para dois colegas da companhia, fazes uma excelente descrição dela.
 

 
Jose Luis Rodrigues ERA A ARMA QUE OS RUSSOS USAVAM NA 2ª GRANDE GUERRA
 

 
Abdul Osman Esta era a minha arma preferida, 99 balas de 9 mm.
Enquanto o piloto dos hélis tinham uma Kalash, nós os mecânicos podíamos requisitar uma FBP, G3 ou a PPS( pesshawer) enquanto estive em Mueda voava com esta arma.
 

sexta-feira, 4 de março de 2016

Prenda-me esse homem, por José Monteiro


Mais uma pequena história vivida em Mueda, nos anos de 1967/68.
Prenda-me esse homem
Havia uma camarada da minha companhia que, por consenso, foi decidido que nunca iria em operações para o mato, pois as suas condições psicológicas não o permitiam.
Como tal foi para a machamba do capitão e então ai encontrou o seu trabalho diário.

Certo dia, quando estava de sargento de dia, apareceu de visita o brigadeiro Remígio, responsável pelo sector, sediado em Nampula.
Formei a guarda, junto á porta de armas, e saudei militarmente o brigadeiro tendo este iniciado a tradicional inspeção à guarda, quando passa por nós o homem da machamba.
Ia completamente á vontade, calçando os seus chinelos de enfiar no dedo, sem quico e com a enxada ao ombro, tal como se estivesse na sua querida aldeia.
Aquela situação era completamente impossível passar despercebida ao brigadeiro, tendo este, já com a vós alterada, dito - PRENDA-ME ESSE HOMEM -. Ainda tentei explicar a situação, mas nada havia a fazer, pois era grande a distancia hierárquica para que me fizesse ouvir.
Prendi o meu camarada e quando o brigadeiro entrou no comando comuniquei o sucedido ao capitão da minha companhia que o mandou retirar da prisão logo após o brigadeiro sair de Mueda, para a guerra do ar condicionado.
Linda-a-Velha, Dezembro de 2012
 
Comments

Antonio Nascimento Grandes militares com o peito cravado de medalhas pelas lutas no mato da AC
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Alfredo Santos quem me pode explicar que lugar é este em Mueda eu estive lá em 72 e não me lembro de ver este edeficio
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Jose Monteiro Alfredo Santos, é o edificio do comando em 1967/68, visto do lado da picada. Penso que o mesmo ficou até 1974.
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Jose Capitao Pardal
Escreve uma resposta...

Antonio David Marques De 71 a 73 estive neste resort, Alfredo Santos, quase todos os dias passava aquela porta de armas.
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Alfredo Santos eu estive junto ao Gina e ao Santos pertenci ao P A A NÃO SEI SE CONHECEU UM ABRAÇO
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Antonio David Marques Alfredo Santos, PAA eram as antiaéreas?
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Aurelio Oliveira Todo o mundo que passou por Mueda conhece a porta de Armas do Aquartelamento.
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Alfredo Santos Sim eras as antiaéreas
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Jose Monteiro O que o Alfredo Santos quer dizer, penso eu, é o PAD, que entre 1967/68 ficava para os lados do Santos e perto da Intendência.
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Alfredo Santos não meu amigo Jose Monteiro é a sim P-A-A!!! Antiaéria
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Jose Monteiro Penso que em 1967/68 não havia anti-aérea ou não me lembro.
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José Pinheiro Óh Zé,és mesmo kokuana,...ahahah!!!

Jose Capitao Pardal
Escreve uma resposta...

Antonio David Marques O PAD também era entre o batalhão e a cantina do Santos.
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Jose Capitao Pardal
Escreve uma resposta...

Alfredo Santos as minhas refeições era no A M 51 PENSO EU
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Duilio Caleca Entre ar condicionado e guerra a situação é muito diferente.
Felizmente que consegui sobreviver a essas "alimárias", mas não foi fácil.

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Eduardo Silva e devez em quando levavas na "tarraqueta" pois havia um que aueria que tu e os teus homens fizessem 80km em 2 dias ???? lembras te Duilio Caleca
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Duilio Caleca Sim esse grande "Intelejumento" de nome Pires Veloso.
Eu chego à conclusão que essa gente devia viver noutra galáxia certamente.

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Santos Costa e prontes, e todos ficaram contentinhos da silva. Ahhhhh portugues, portugalllllll.
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Jose Carlos Galo Deviam ter agarrado no Brigadeiro e largá-lo no meio do mato com a enxada ás costas.
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Jose Monteiro Coitado no brigas, isso não se faz!!!!!!!!!!
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Duilio Caleca Só se estragava a enchada.
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Afonso Fernandes Aparece sempre uma foto diferente deste edifício


Artur Valente Mota quando eles tinham maus figados acontecia-lhe o que aconteceu ao amarelado que fez andar a lavar o dakota de ter deixado lá os miolos havia guarda de honra para o receber mas quem o recebeu foi a casa mortuaria .


Duilio Caleca Penso que esse "menino" foi a Nangololo "vomitar" papaias dizendo que nós éramos uns medricas que tínhamos mêdo de ir para a zona da Capoca e ele mandou o Dakota sobrevoar a zona só para nós vermos que não havia perigo. Azar o dele.
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Artur Valente Mota foi esse mesmo teve azar só deu trabalho ao pessoal da manutenção de ter de lavar o avião eu estava lá nesse dia na placa foi silencio absoluto penso que a monição ainda tocou nu ombro de um camarada mas entrou-lhe por debaixo dos queixos e saiu pelo teto do dakota .,


Duilio Caleca Assim constou Artur Valente Mota.
Claro que uma vida perdida é sempre de ter pena, mas imagina o que foi depois do amarelado ter "vomitado" tudo aquilo, para gente que já deitava guerra pelo olhos e que lhe dissémos que naquela zona havia uma antiaérea da Frelimo e que de quando em quando a ouvíamos cantar e o marmanjo em ar de corajoso do ar condicionado foi lá. Levou na ripa como seria de esperar.
Paz à sua alma.



 Artur Valente Mota pois era de admirar amigo Duilio havia oficiais mais graduados da FAP que conheciam o terreno e nunca falaram que não havia guerra tb desejo que ele descanse em paz mas que má fama tinha e a frelimo nesse dia acertou na muche não disparou para os pilotos se calhar até o viram entrar para dentro do avião abraço


Duilio Caleca Onde ele foi atingido, foi já em plena zona de mato a norte de Nangololo, só que sobrevoou bastante baixo em zona que nós já sabíamos que ia levar porrada. E levou. Felizmente que mais nenhum ocupante teve problemas. Agora não sei de quem foi a ordem de sobrevoar baixo com um Dakota em zona que já se sabia que levava chumbo. Nós por precaução comunicámos esse facto a Mueda, via rádio de que a aeronave tinha saído e para nos informarem da chegada. Felizmente que toda a tripulação chegou bem menos o dito cujo.
Não acredito em bruxas, mas que as aí, aí.



Duilio Caleca Mapa da zona em que foram alvejados a verde .
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Artur Valente Mota deve andar aqui camaradas que acompanharam a chegada ao AM e se calhar até os pilotos podem não estar aqui no grupo mas estão aqui em outro grupo melhor que eles ninguem conhecia como devia pilotar aquela aeronave esse acidente não se falou muito nele ,se fosse pessoal da tripulação seria sempre recordado como era pessoa que não ia acabar com a guerra caiu no esquecimento ,eu recordo-me que ele andava a visitar os acortelamentos e o batalhão estava á espera de lhe prestar a guarda de honra e prestou em outro sentido .