Copiámos este texto do blog de um ex-militar - Luís Dias.
quarta-feira, 12 de Janeiro de 2011.
Dedicamos em especial ao compadre Jose Augusto Palminha.
quarta-feira, 12 de Janeiro de 2011.
Dedicamos em especial ao compadre Jose Augusto Palminha.
FAZ HOJE 40 ANOS QUE FUI PARA A TROPA
Camaradas e Amigos
Hoje acordei com uma data a martelar-me a cabeça, sonhei com ela.
Hoje é dia 12 de Janeiro de 2011 e faz precisamente 40 anos que ingressei na vida militar.
Há quatro décadas, um mês depois de fazer 20 anos, de mala feita e cabelo cortado curto, (na altura usava-o bastante comprido) juntamente com o meu amigo de infância João Ribeiro, apanhávamos o comboio em Santa Apolónia, deixando para trás a família, os nossos amigos, o nosso bairro de Alfama e partíamos para uma vida diferente, desconhecida, apresentando-nos no chamado "Destacamento" da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém.
A recruta no EPC foi muito dura, com muito frio, muita chuva e especialmente com muita lama, que nos decorava o fardamento e se ia soltando, uma parte, devido ao batimento compassado das nossas botas, no asfalto das ruas de Santarém, quando em passo de corrida regressávamos da denominada zona de terraplanagem.
Por vezes, para conseguir que ela saísse chegávamos a passar pelos chuveiros fardados.
A ginástica matinal em plena parada, em camisa interior, num Janeiro gélido, era uma prova que nos acordava de forma inigualável para o resto do dia.
Lembro-me da instrução nocturna em noites de chuva forte, em que colocávamos jornais entre a camisa interior e a farda, para não sentirmos tanto a força da água que nos castigava a pele e nos deixava enregelados.
Andávamos quase sempre molhados e eu passei a odiar (e ainda hoje não gosto) sentir a roupa molhada junto ao corpo (ainda não sabia o que me havia de esperar na Guiné!!!).
A prova do salto para o desconhecido - uma queda numa ribeira de águas de esgotos, o acordarem-nos de madrugada com os gritos: "Têm 5 minutos para formarem na parada!" e as contínuas corridas equipados de G3 e capacete, para baixo e para cima do vale de Santarém eram momentos bem sentidos.
Havia, como se costuma dizer, toda uma panóplia de exercícios e corridas que nos iam deixando de rastos.
Todos os minutos de intervalo eram por nós aproveitados para dormitar um pouco.
O rigor das formaturas para ir de fim-de-semana (cabelos, barba, fardamento) e a acção psicológica dos altifalantes nas casernas a debitarem música militar e conselhos para nos deitar o moral abaixo, aliado à má alimentação, era tudo bem organizado para nos lixar a vida, nos despersonalizar.
Eu e o meu amigo João, juntamente com outro rapaz (Tavares) que conhecíamos da Escola Comercial Patrício Prazeres, ficámos no mesmo pelotão (2º) e no 5ºesquadrão: O João era o número 311, eu o 312 e o Tavares o 313 (éramos inseparáveis).
Engraçado é que este número de ordem que me foi atribuído no ingresso no quartel fazia parte do meu número mecanográfico - o nº 03127471 - e o resto do número colocado ao contrário 71-74, em vez de 7471, foram os anos que eu vivi na tropa, ou seja, entrei em Janeiro de 1971 e saí em Abril de 1974 (uns dias antes do 25 de Abril).
Terminada a recruta cada um foi para seu lado.
Eu fui fazer a especialidade de atirador, como cadete, para a Escola Prática de Infantaria, em Mafra, o meu amigo João seguiu para Tavira, para tirar a especialidade de armas pesadas e o nosso amigo Tavares já não recordo para onde foi porque nunca mais o vi.
Em 18 de Dezembro desse ano, já como Alferes Miliciano, embarquei para a Guiné, integrando a CCAÇ3491.
"É muito..!", do BCAÇ3872, donde regressaria em 4 de Abril de 1974.
O meu amigo João Ribeiro foi mobilizado para Moçambique, em 1972, como Furriel Miliciano (zona de Mueda), integrando a CART3503 "Unidos e firmes", do BART3876, donde regressou já depois do 25 de Abril.
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