quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O fado do desertor, Concioneiro do Niassa

Estava eu na minha terra
Disseram-me vais para a guerra
Disseram-me vais para a guerra
Toma lá uma espingarda
e um bilhete p’rò navio
e uma medalha num fio
e uma velha, velha farda.

Após dias de caminho
estava já muito magrinho.
estava já muito magrinho.
Esfomeado como um rato
olhei bem, só vi palmeiras,
macacos e bananeiras:
entendi, estava no mato.

O furriel e o sargento
chamavam-me fedorento
chamavam-me fedorento
porque me queria lavar.
E o alferes e o capitão
diziam que era calão
se me viam descansar.

Estava tão farto da guerra
E ao lembrar a minha terra
E ao lembrar a minha terra
fui um dia passear.
Numa palhota sozinha
estava uma preta girinha
que ao ver-me pôs-se a chorar.

E fiquei com tanta pena
dessa mocinha morena
dessa mocinha morena
que fugimos para o mato.
Somos um casal feliz
e já temos um petiz
que por sinal é mulato.

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